Escrita por Walther Negrão, estreia amanhã, na Rede Globo, Anjo de mim, novela que trata de vidas passadas.
Poderá uma simples mendiga já ter sido uma princesa há mais de cem anos? A própria atriz Vivianne Pasmanter tem dúvidas sobre os mistérios que envolvem Lavínia, sua personagem em Anjo de mim, a nova novela das 18h da Rede Globo, que estreia amanhã.
Ao lado de Helena Ranaldi e Paloma Duarte, ela formará o trio de protagonistas que vai disputar o coração de Floriano, herói interpretado por Tony Ramos na trama de Walther Negrão.
Abordando os aspectos religiosos e científicos do fenômeno de regressão a vidas passadas, a história gira em torno de Floriano (Tony Ramos) um humilde escultor que faz uma curiosa incursão ao século 19 para desvendar o mistério dos estranhos sonhos que o atormentam no presente.
Voltando no tempo, através da terapia de vidas passadas, ele descobre que, em 1890, se chamava Belmiro e vivia um amor proibido com Valentina (Carolina Kasting), a mulher do carrasco Balbino (Mauro Mendonça).
Quando os dois planejam fugir juntos, Valentina é atingida pela espada do sanguinário Cincinato (Gracindo Júnior). Antes de morrer, ela marca um encontro com o amado em uma nova encarnação.
EM BUSCA DA REENCARNAÇÃO DE UMA GRANDE PAIXÃO - Em 1996, após fazer a regressão, Floriano decide sair em busca da mulher que representa a reencarnação de Valentina.
A única pista que ele tem é a imagem de um palacete que sempre aparece em seus sonhos e cujo desenho ele identifica num quadro que reproduz as ruínas de uma construção em Petrópolis, no Rio.
O escultor larga seu atelier em São Paulo [Embu] e vai morar na região serrana fluminense para cumprir a promessa secular. Na cidade, ele conhece Maria Elvira (Paloma Duarte) uma jovem por quem se apaixona.
Depois, chega a vez de Joana (Helena Ranaldi), a viúva de um empresário morto misteriosamente que se encanta pelo visitante. E, por fim, Lavínia, que será sua companheira na reforma do velho palacete.
ATRIZ VOLTA À REDE GLOBO COM OUTRO TIPO MARCANTE - Roupas esfarrapadas, botina furada e nada de maquiagem. O visual de Lavínia em Anjo de mim foge totalmente ao estilo extravagante que consagrou Vivianne Pasmanter em sua interpretação como a enlouquecida Malu, de Mulheres de areia.
O temperamento de sua nova personagem também está longe de ser comparado ao da desvairada Débora de Felicidade, seu trabalho de estreia na televisão, em 1991, e que lhe rendeu elogios de público e de crítica.
A mais "normalzinha" foi a Irene, de A próxima vítima, no ano passado. Agora, ela voltará a representar mais um tipo marcante.
_ A Lavínia é um personagem que me assustou porque é de composição, e, ao mesmo tempo, sem estereótipo. Tudo tem que ser bem medidinho, mas sem torná-la uma pessoa normal. Está sendo difícil encontrar esse equilíbrio - confessa Vivianne.
_ A Malu era de fora pra dentro, eu a criei a partir de figurino, jeito de andar. A Lavínia é o contrário, sai de dentro, dos gestos.
Filha de boias-frias, Lavínia fica sozinha na cidade quando seus pais partem para o canavial.
Sem casa e sem comida, ela encontra Canequinha (Elias Gleiser), um mendigo meio maluco que a leva para morar no seu palacete, ou melhor, nas ruínas do prédio onde viveu a amada de Floriano no século passado.
_ O Floriano não vai achar que ela pode ser a reencarnação da Valentina, mas o público vai perceber que ela é uma das candidatas - conta a atriz.
Vivianne estava na Argentina quando recebeu o convite do diretor Paulo Ubiratan para voltar às novelas. Bem que ela estava pensando em tirar umas férias, já que, no ano passado, emendou três trabalhos: na televisão, no teatro e no cinema.
Além de gravar A próxima vítima, estava no teatro com a comédia Alô madame e filmou Meninos de Deus.
Não bastasse essa maratona, ela ainda foi convidada por uma produtora independente argentina para fazer a novela Alen, luz de luna, para o Canal 13 de Buenos Aires.
Mas, apesar de encantada com a cidade paradisíaca de San Martin de Los Andes, Vivianne acabou desistindo da produção porque, de repente, deixou de receber seu salário. Segundo ela, o amadorismo dos produtores também pesou em sua decisão de sair da novela.
_ Em quatro meses, gravei só 20 capítulos. Pensei: para gravar 200, vou ter que ficar cinco anos aqui. Meu advogado notificou que se eles não regularizassem minha situação em dois dias eu pararia de gravar. Rescindi o contrato e agora entrei com um processo contra eles. Daqui a quatro anos eu recebo - ironiza a atriz.
De volta à Rede Globo com contrato assinado por dois anos, Vivianne tem se dividido entre Rio e São Paulo, onde nasceu há 24 anos e onde mora com sua família.
Instalada num apart, ela ri quando comenta o boato de que teria exigido uma casa, no Rio, para acomodar seus cachorros - um poodle e uma labrador - quando foi chamada para fazer a novela.
_ Não teve nada dessa história, foi invenção não sei de quem - diverte-se.
O assédio do público que tanto a assustava há cinco anos, quando estreou em televisão, já não a incomoda mais.
_ Claro que às vezes tem invasão. Mas eu nunca tive que deixar de fazer nada por causa disso, não é um bicho de sete cabeças - afirma Vivianne.
PERSONAGEM DE WILKER MORRE NO PRIMEIRO CAPITULO - Mistérios e romances estarão interligados nas versões moderna e de época na história contada em Anjo de mim.
Já no capítulo de amanhã acontece o assassinato de Bianor (José Wilker), um empresário bem-sucedido, casado com Joana (Helena Ranaldi) e amante de Divina (Cláudia Alencar).
Ele é morto pelo sócio, Marco Monterrey (Herson Capri). Mais tarde o público saberá que Marco é a reencarnação de Cincinato, o assassino de Valentina no passado.
Marco terá uma relação com as três candidatas a heroína da história: é pai de Elvira (Paloma Duarte), a noiva de Wagner (Du Moscovis) por quem Floriano se apaixona; tentará seduzir Joana, e sentirá aversão por Lavínia.
Nas tramas paralelas estarão, entre outros, Mestre Quirino (Milton Gonçalves), o artesão amigo de Floriano; Antônia (Tássia Camargo, namorada de Floriano; Ulysses (Odilon Wagner), o psiquiatra especializado em regressão; Nando (Márcio Garcia) e Heloísa (Renata Dutra), os namorados que trabalham na pousada de Divina, e Inácio (Cláudio Corrêa e Castro), o pai de Divina que tem mania de doença.
A direção geral de Anjo de mim é de Ricardo Waddington, que conta com a experiência de Roberto Nahar, Edson Spinello e Alexandre Avancini, co-diretores da trama.
Fonte: jornal O Globo
Data de publicação: 8 de setembro de 1996
Repórter: Elena Corrêa
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