Blog em homenagem à novela de Walther Negrão, exibida entre 1996/1997, às 18h, pela TV Globo

Um caso de amor por trás das câmeras


Helena Ranaldi e Ricardo Waddington vivem uma história real digna de um romântico folhetim.

Helena Ranaldi faz uma cena de Anjo de mim, dirigida por Avancini, quando Ricardo Waddington, o diretor geral da novela das 18h, da Rede Globo, chega ao set de gravação e dá um rápido, mas apaixonado, beijo na atriz.

Esta cena não está no script. Nem ele é ator. Mas ninguém se surpreende. Afinal, há quatro anos os dois vivem uma história de amor que começou nos estúdios da emissora.

O romance entre uma das musas mais cobiçadas da televisão e um dos diretores mais arredios a entrevistas poderia ser até comparado ao da Bela e a Fera. Poderia. Não pode mais.

O diretor, que expulsava fotógrafos e repórteres dos estúdios, mudou. Com um até então desconhecido bom-humor, mas também falando sério, ele explica porque começou a proibir a presença da imprensa nas gravações de Olho no olho, em 1993. Tudo começou logo após a morte da atriz Daniela Perez:

_ Eu estava muito chateado com a forma cruel como a imprensa tratou o assassinato da Dani e quis mostrar que eu não estava de acordo com aquilo - desabafa o diretor.

Mágoas à parte, Ricardo garante que se tornou uma pessoa maleável. E Helena vai mais longe nos elogios.

_ Como marido ele é maravilhoso. A gente tem uma relação muito boa. Procuramos resolver tudo na hora. Não deixamos passar nada que nos incomode. Por menor que seja, tudo é discutido e resolvido - conta a atriz.

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E o maridão não perde a oportunidade de pegar carona nas respostas da mulher.

_ Nunca dormimos brigados, nem que a gente vá dormir às 5h da manhã. Ou não durma... - brinca ele.

O primeiro encontro do casal aconteceu em Olho no olho. Até o final das gravações já estavam morando juntos.

Mais um ano, mais uma novela juntos, desta vez Quatro por quatro. Em meio ao sucesso da trama de Carlos Lombardi, o diretor e a atriz anunciaram o casamento.

No ano passado, os dois começaram a fazer planos de ter o primeiro filho. Mas adiaram o projeto porque seus compromissos de trabalho não coincidiram.

Enquanto ele dirigiu História de amor, Helena fez uma participação em Explode Coração e estreou como apresentadora no Fantástico. A atriz lembra da passagem pela bancada do "show da vida" como um desafio.

_ Tive que passar por um processo de adaptação. No inicio, não conseguia entrar ao vivo. Depois, me senti mais à vontade - diz Helena.

_ Agora me sinto pronta para apresentar qualquer programa.

Mas o público queria mesmo ver a atriz de volta ao seu habitat natural. E o convite para voltar às novelas não demorou.

Ela foi chamada para ser Joana, uma das protagonistas da história escrita por Walther Negrão, e que pode ser a reencarnação de Valentina (Carolina Kasting), a jovem que, no século passado, Floriano (Tony Ramos) jurou reencontrar em outra vida.

Particularmente, Helena acha que Joana não é Valentina, mas a considera uma das personagens mais marcantes que já interpretou:

_ Ela tem uma carga dramática grande, é mais madura no sentido de ter experiência de vida - destaca a atriz.

O diretor geral também está satisfeito com o trabalho que vem desenvolvendo em Anjo de mim. Segundo Ricardo, a novela tem ótima aceitação.

_ As pessoas que assistem adoram. Foi feita uma pesquisa e os índices alcançados foram extremamente favoráveis - conta ele.

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Aos 35 anos, Ricardo se orgulha de ter sido o diretor geral de novelas mais jovem da Globo. Assim como Helena, que desde pequenininha brincava de ser atriz, ele também começou cedo.

Com 16 anos se apaixonou pelo teatro e criou seu próprio grupo. Tentou se aventurar como ator, mas desistiu. Era péssimo atuando.

Escrevendo e dirigindo espetáculos infantis, Ricardo conheceu o diretor Paulo Ubiratan, que o levou para fazer um estágio na Globo. Dali não saiu mais.

De estagiário passou a auxiliar de produção, depois a assistente de direção, a diretor e, finalmente, com apenas 26 anos, a diretor geral da novela O outro.

A segunda experiência veio logo depois: Mandala. Dessa vez, uma novela complicada que não conquistou o sucesso esperado e Ricardo ficou um bom tempo afastado da direção geral.

_ Não sei se foi castigo. Acho que eu não estava preparado para ser diretor geral, estava verde. Depois, fiz várias novelas como segundo diretor, até, voltar, mais tarde, à direção geral - lembra ele.

Helena e Ricardo não gostam de falar sobre trabalho em casa. E, se alguns atores levam seus personagens para casa, o diretor vai mais longe:

_ Eu levo a atriz para casa - brinca Ricardo.

Mas os dois pombinhos também se bicam. Tão apaixonados quanto ciumentos, os dois assumem que as brigas acontecem. Longe das câmeras.

_ Quando o Ricardo me dirige em cenas românticas, ele até estimula o ator que está contracenando comigo a não ficar retraído. Mas ele já teve ciúmes de outros trabalhos que eu fiz sem ele por perto.

_ Eu também tenho dele, acho que faz parte. Só não pode ser demais - avisa a senhora Waddington.



Fonte: jornal O Globo
Data de publicação: 10 de novembro de 1996
Repórter: Elena Corrêa

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