Blog em homenagem à novela de Walther Negrão, exibida entre 1996/1997, às 18h, pela TV Globo

A bela entre o herói e o vilão


Atriz se prepara para formar triângulo amoroso que promete agitar Anjo de Mim.

A bela Helena Ranaldi sempre soube que apresentar o Fantástico não era a sua praia. Foi só ser apresentada a Joana, a ricaça mal-amada de Anjo de Mim, para concluir que queria mesmo voltar às novelas.

Foi o que fez, depois de alguns meses ao lado de Pedro Bial no programa das noites de domingo. Aos 30 anos, casada com Ricardo Waddington, o diretor da novela, está feliz no trabalho e no amor.

Como a "primeira dama" do set, jura que não tem privilégios. Exceto pelo fato de ganhar um beijinho do marido entre um intervalo e outro.

Católica não praticante, Helena prepara o envolvimento de sua personagem com o tema principal da novela das seis: a reencarnação. Joana vai se envolver com Floriano, o personagem de Tony Ramos.

Ao conhecê-la, ele deduzirá que ela é a reencarnação de Valentina, seu amor de uma vida passada. Com isso, Joana ficará no meio de um triângulo que inclui Marco (Herson Capri).

Ou seja, estará dividida entre o mocinho e o vilão. Na vida real, a paulistana Helena tem o seu projeto bem traçado. Assim que terminar Anjo de Mim, vai engravidar. "Meu próximo papel será o de mãe".

Estado - Como é a Joana?

Helena Ranaldi - Ela pensa que o marido (José Wilker) sumiu, não sabe que ele foi assassinado. Nesse momento, começa a refletir sobre a vida dela É uma mulher de 30 anos, que se casou com um homem mais velho e foi educada de forma antiga. Viveu durante oito anos um casamento de aparências. É uma mulher sozinha porque nunca teve o amor do marido, mas foi educada para achar que tudo isso é normal. Então, é cheia de carências e acaba caindo no jogo do Marco (Herson Capri), que diz para Joana que o marido foi viajar para acostumá-la com a ideia da separação. Com isso, a preocupação que ela tinha com o desaparecimento do marido vira raiva. Aí fica fácil cair no jogo de sedução do Marco. Isso causa mais um problema para Joana: ela é amiga da mulher dele, a Renata (Françoise Fourton).

Estado - Qual a relação da Joana com a reencarnação, tema central da novela?

Helena - Joana vai conhecer Floriano (Tony Ramos) e ele vai achar que ela é a tal Valentina que ele tanto procura, como já achou que era Elvira (Paloma Duarte). Em um terceiro momento, vai achar que é a Lavínia (Viviane Pasmanter). Joana se apaixona de verdade por Floriano, independentemente dessa história da Valentina.

Estado - Mas Joana tem sonhos ou dá alguma pista se é a Valentina ou não?

Helena - Não. Só o Floriano tem sonhos. O que acontece é que Joana vai ficar num triângulo formado também pelo Floriano e o Marco. Ou seja, com o mocinho e o vilão da história.

Estado - É a primeira vez que você faz uma personagem mais introspectiva, não?

Helena - É. É a primeira mulher casada, que vive situações mais maduras. Ela tem a mesma idade que eu, 30 anos. É a minha personagem mais sofrida.

Estado - Sofrer, de mentirinha, te agrada?

Helena - É muito legal. Quando li sobre Joana achei uma personagem difícil, porque não é de composição. É uma mulher normal, como qualquer outra cheia de mágoas que tenta esconder. Então, procurei fazer os movimentos dela pequenininhos. A vida inteira ela teve medos que não pôde demonstrar.

Estado - Com Joana você mostra melhor o seu talento?

Helena - Não sei. Acho que ela tem uma carga dramática maior do que as outras personagens que fiz e está sendo uma experiência boa. Cada vez mais me sinto confortável nas cenas. Mas não sei se vou poder mostrar melhor o meu trabalho. Provavelmente, vou amadurecer como atriz.

Estado - Você está trabalhando com seu marido. O que acha disso?

Helena - Acho muito normal porque conheci o Ricardo no trabalho. Começamos a namorar em Olho no Olho e, no final da novela nos casamos. Depois, fizemos Quatro por Quatro. Então, o fato de trabalharmos juntos não é novidade, mas ajuda porque adoro o trabalho dele. Acho que qualquer pessoa que trabalha com ele fala a mesma coisa. Ele é um diretor cuidadoso, que dá tempo para o contra-regra, o maquiador e o cabeleireiro fazerem seu trabalho. Procura ajudar o ator o tempo todo. Gosto muito de trabalhar com Ricardo porque o admiro profissionalmente e, por outro lado, é ótimo podermos ficar juntos.

Estado - Ser a primeira dama do estúdio é bom?

Helena - É, não é mal.

Estado - Ele cobra mais de você do que dos outros?

Helena - Não. Eu sempre fui muito profissional, então, não tenho privilégios e mesmo que tivesse, não aceitaria. Chego no horário, sempre sei meu texto, procuro fazer o melhor quando ele está me dirigindo e acho que ele também, porque nós nos gostamos muito. E claro que temos uma intimidade que permanece no set de gravação. Muitas coisas que falo para ele eu não falaria para outros diretores. Temos uma postura profissional, mas o carinho continua. No intervalo de uma gravação, ele vem e me dá um beijo. Isso é bom, mas confesso que, no início, não gostava, ficava inibida.

Estado - Na novela, há vários atores espiritualistas. É o seu caso?

Helena - Nunca me senti atraída por esses assuntos. Sou católica, mas não frequento muito igrejas. Talvez quando Joana conhecer Floriano, pelas conversas que terão, eu fique curiosa a respeito desse assunto.

Estado - Como foi sua experiência como apresentadora do Fantástico?

Helena - Foi algo inesperado porque nunca me passou pela cabeça fazer a apresentação de um programa. Fui convidada e várias pessoas envolvidas acharam que seria uma experiência boa, mas deixei muito claro que não era o que gostaria de fazer por muito tempo, que não queria deixar a dramaturgia. Por estar no programa, inicialmente fui convidada para fazer a Valentina na novela, que seria uma participação. Eu não quis porque não sabia exatamente o tamanho dessa participação. Depois, fui convidada para fazer a Joana e vi que era uma personagem que tinha mais cenas e que considero um trabalho difícil. Então, preferi fazer só a novela porque o Fantástico me obrigava a ficar à disposição no sábado e no domingo o dia inteiro.

Estado - Mas você gostou de apresentar?

Helena - Gostei. No final já estava à vontade. Mas senti muitas vezes que aquilo não era a minha praia, principalmente quando apresentava notícias mesmo. Mas a experiência de fazer um trabalho ao vivo foi muito boa. Toda vez que ia entrar no ar era uma adrenalina que eu achava que, com o tempo, iria passar, mas não passou.

Estado - Eles explicaram por que escolheram você?

Helena - Eles queriam mudar o formato do programa, fazer uma coisa mais à vontade. Então, colocaram uma atriz.

Estado - A beleza é um critério levado em conta na hora de escolher uma apresentadora. Isso envaidece?

Helena - Com certeza. No início, esse negócio de beleza atrapalhou um pouco porque as pessoas colocavam em dúvida o meu talento. Mas acho que consegui superar isso ou não estaria onde estou, teria feito só uma novela e parado. Tenho cinco anos de carreira e fiz muitas coisas. Estou começando e me sinto bem porque estou amadurecendo.

Estado - Você se acha uma mulher bonita?

Helena - Sou feliz. Há dias em que estou ansiosa às vésperas de ficar menstruada, essas coisas de mulher. Aí, me acho feia mesmo.

Estado - E qual sua receita para levantar o astral nesses dias?

Helena - É o trabalho, que eu adoro. Tem de gravar, a gente dribla as coisas. Mas também faço análise e ginástica.

Estado - É muito preocupada em manter a forma?

Helena - Bem, sou formada em Educação Física. Na época em que estava na faculdade, fazia muita ginástica. Agora faço menos, em casa, sozinha mesmo, porque não suporto academia comprei uma bicicleta ergométrica e uns aparelhos. Faço exercícios quase todos os dias porque faz bem para a saúde e preciso ficar em forma.

Estado - Que tipo de público te assedia?

Helena - Todo o tipo de público, mas principalmente crianças e pessoas mais velhas. Lido bem com o público, só não gosto quando ligam para a minha casa.

Estado - Na TV, que tipo você gostaria de fazer e nunca teve oportunidade?

Helena - Gostaria de fazer uma personagem rural, como no meu primeiro trabalho, em A História de Ana Raia e Zé Trovão, na Manchete. Nesta novela eu interpretava uma garota que trabalhava na roça. Curti muito, mas foi por pouco tempo, só uma participação em 20 capítulos. Queria fazer uma personagem menos produzida. Faz tempo que faço mulheres arrumadas e chiques.

Estado - Quais seus planos para depois das gravações da novela?

Helena - Meu próximo papel vai ser o de mãe. Há tempos que quero ter filhos, mas vem um trabalho, vem outro, e vou adiando. Agora, não quero mais adiar.



Fonte: jornal O Estado de S. Paulo
Data de publicação: 6 de outubro de 1996
Repórter: Sônia Apolinário

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