Blog em homenagem à novela de Walther Negrão, exibida entre 1996/1997, às 18h, pela TV Globo

Um personagem adorável


Elias Gleiser já cativa em Anjo de Mim no papel de Canequinha.

No início das gravações da novela Anjo de Mim, o ator Elias Gleiser chegou a duvidar da empatia que o personagem Canequinha pudesse alcançar junto ao público. Ele temia dar um caráter soturno ao indigente Canequinha, com os seus delírios e figurinos pesados.

Pouco tempo depois da estreia, os receios de Gleiser se mostraram infundados. A repercussão do personagem, um dos elos entre passado e presente na trama de Walther Negrão, tem sido das melhores.

Em seus personagens na TV, Gleiser acostumou o público aos seus tipos bonachões, como o Pedrão, de Livre para Voar, ou o motorista Jairo, em Tieta. Apesar do resultado positivo desses trabalhos, foram raras as vezes em que o ator teve um personagem tão rico como o atual nas mãos.

Canequinha reúne características ao mesmo tempo grotescas e infantis, além de utilizar um vocabulário sofisticado, incompatível com a sua condição. Segundo o autor da novela, Walther Negrão, o personagem "sintetiza uma grande faixa da população que vive diminuída e não se dá conta disso".

Para compor o personagem, Elias Gleiser se utiliza de elementos como a música, com a qual convive desde a infância. "Iniciei a carreira como músico, tocando violino em uma orquestra amadora em São Paulo", relembra o ator.

A vocação teatral só começou a se manifestar no Segundo Grau, através de pequenas pontas em espetáculos de fim de ano. "Como os colegas iam se desinteressando, acabei chegando a protagonista", conta Gleiser, num excesso de modéstia para um ator que integrou grupos que fizeram a história do teatro brasileiro, como o TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) e a companhia da atriz Maria Della Costa. "Sou da época em que o teatro era uma escola", recorda o ator, que define as atuais montagens teatrais como excessivamente técnicas.

Sempre em tom bem-humorado, Gleiser afirma já estar habituado a trocar de nome em períodos de oito meses - duração aproximada de cada novela. De acordo com Gleiser, quem mais se diverte com essas sucessivas trocas de identidade são as crianças do condomínio onde mora, na Barra da Tijuca.

Se antes o chamavam de Pedrão ou Tio Zé, personagem da novela Sonho Meu, atualmente elas não hesitam ao vê-lo e, invariavelmente, gritam por Canequinha.

Para o ator, este ainda é o melhor termômetro para se conferir a popularidade de seu trabalho.


Fonte: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 26 de setembro de 1996

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